IMPLANTES HORMONAIS
O que são?
Existem dois tipos de implantes hormonais:
– absorvíveis (pellets): material atóxico, com liberação gradual dos hormônios, não precisam ser retirados, sendo absorvidos pelo corpo ao longo de 6 meses;
– inabsorvíveis: tubinhos de um material chamado silástico (como silicone) medindo de 3 a 5 cm de comprimento, preenchidos por hormônios e inseridos no tecido subcutâneo (com anestesia), são inertes e a maioria tem duração de 12 meses. Podem ser retirados caso a paciente não se adapte ao tratamento e na troca por novos após 1 ano.
Esses últimos foram desenvolvidos pelo renomado médico e farmacêutico Elsimar Coutinho, responsável pelo primeiro anticoncepcional injetável de uso prolongado.
Vantagens:
O hormônio contido dentro do implante é liberado diretamente na corrente sanguínea, evitando a primeira passagem hepática e minimizando efeitos colaterais indesejáveis.
Garante adesão ao tratamento, sendo menos suscetível a falhas e ao esquecimento.
Indicações:
A principal indicação do uso dos implantes hormonais é na terapia de reposição hormonal na menopausa, em que a queda fisiológica dos hormônios femininos acarreta uma série de desafios à vida da mulher.
Entre os principais benefícios dessa reposição hormonal, podemos citar a melhora significativa dos fogachos (ondas de calor), melhora da disposição, libido, padrão do sono, sintomas de irritabilidade, ansiedade e depressão e ainda incremento da saúde dos ossos, pele e cabelos.
Também podem ser usados nas pacientes que desejam anticoncepção por outra via que não a oral, pela praticidade de não precisar se lembrar de tomar a pílula diariamente ou que sofrem com a diminuição da libido. Além do seu uso no tratamento da endometriose e adenomiose, com controle do sangramento vaginal aumentado às menstruações e da dor pélvica e melhora dos sintomas da TPM.
Existem implantes com diferentes tipos de hormônios na sua composição, que são prescritos de acordo com a necessidade de cada paciente. Por essa razão, faz-se essencial uma consulta com o especialista, com história clínica detalhada, exame físico e avaliação de exames laboratoriais e de imagem, o que possibilitará que médico e paciente escolham a opção mais adequada de tratamento.
Tipos de hormônios usados nos implantes:
GESTRINONA
É um progestágeno com efeito androgênico (cada implante tem 40 mg de gestrinona).
Recomendada como anticoncepcional com a vantagem de não interferir na libido da paciente e controlar o sangramento menstrual, levando a grande maioria das pacientes à amenorreia e redução das cólicas (tratamento da dismenorreia).
Combinada com o estradiol, pode ser usada nas pacientes menopausadas, atrofiando o endométrio, além de melhorar a massa óssea.
As mulheres que fazem atividade física regularmente e têm alimentação saudável, são as que mais se beneficiam do efeito secundário de aumento de massa magra e redução da flacidez e celulites. Entretanto esses efeitos estéticos não devem ser o motivo para sua aplicação e sim por indicação médica.
Por sua ação androgênica, a gestrinona pode ocasionar efeitos indesejáveis como acne, oleosidade da pele, queda de cabelo, além de rouquidão e aumento do clitóris.
TESTOSTERONA
São implantes que contêm 40 mg do hormônio, com tempo de duração de um ano.
Melhoram a libido e a disposição em geral, indicados no climatério associados ao implante de estradiol.
ESTRADIOL
Os implantes contêm 50 mg de estradiol e duração de um ano. São indicados como terapia dos sintomas da pós-menopausa, notadamente fogachos, diminuição da lubrificação com secura vaginal, perda urinária por atrofia genital, promovendo proteção da saúde dos ossos, dos sistemas cardiovascular e neurológico (prevenção de demência).
ACETATO DE NOMEGESTROL
É um implante de 55 mg que dura um ano. Tem efeito anticoncepcional e pode ser usado na reposição hormonal em associação com o estradiol para proteção endometrial (camada interna do útero), evitando sua proliferação.
NESTORONE
Contém 50 mg de hormônio. Indicado para o tratamento de endometriose, pacientes com miomas e como alívio dos sintomas da TPM.
Tem efeito contraceptivo, com duração de aproximadamente de 6 meses, podendo ser usado por pacientes que estão amamentando.
Diferentemente da gestrinona, tem bloqueio androgênico, sendo uma opção para mulheres com a síndrome dos ovários policísticos que sofrem com acne e aumento da pilificação. Seu principal efeito indesejável é o sangramento irregular de escape.
Contraindicações:
As principais contraindicações ao uso dos implantes hormonais são também aquelas em relação à terapia hormonal na menopausa como:
– antecedente pessoal de câncer de mama;
– câncer de endométrio;
– sangramento vaginal de causa desconhecida;
– doença coronariana e cerebrovascular (como infarto e AVC);
– doença trombótica ou tromboembólica venosa em atividade;
– doença hepática descompensada, entre outras.
Por todas essas razões, uma consulta médica individualizada e cuidadosa é essencial para identificação das pacientes que realmente irão se beneficiar do uso dos implantes hormonais como terapia de reposição na menopausa, anticoncepção ou tratamento de endometriose, com segurança e minimizando os riscos ao máximo.